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pelas decisões dos gestores públicos. A performance será discutida adiante. Performance empreendedora e seus determinantes têm entre si, em tese, uma relação de causa e efeito. Os de- terminantes congregam, assim, os fatores essenciais que explicam a performance empreendedora das cidades bra- sileiras. No framework deste estudo, estes fatores estão or- ganizados em sete determinantes: Ambiente Regulatório, Infraestrutura, Mercado, Acesso a Capital, Inovação, Capital Humano e Cultura. Os sete determinantes, adap- tados à realidade brasileira, foram construídos a partir dos estudos adotados como benchmarks -- da OCDE/Eurostat e Aspen Network of Development Entrepreneurs -- e a par- tir da opinião dos especialistas em diversos temas consul- tados pela Endeavor. A expectativa é que cidades capazes de criar boas condi- ções para o desenvolvimento da atividade empreendedora -- ou seja, que produzam determinantes favoráveis -- te- nham melhor performance no futuro. Portanto, o traba- lho de análise deste estudo consiste, na sua essência, em mensurar cada um dos determinantes da performance. O ranking final é uma combinação de todos os determinan- tes com pesos estabelecidos de acordo com as respectivas correlações com a performance, como explicado nas pró- ximas páginas. Nenhum dos determinantes, nem a perfor- mance, são adequadamente representados por um único indicador e, no framework elaborado para este estudo, são construídos a partir de grupos de indicadores, ou variáveis. Os indicadores de cada determinante são os parâmetros sob quais gestores públicos e demais atores conseguem atuar para mudar o ambiente de negócios. PERSPECTIVAS ANALÍTICAS SOBRE EMPREENDEDORISMO E SEUS DETERMINANTES Os determinantes que compõem o framework têm como fundamento a literatura internacional sobre empreende- dorismo, políticas públicas e desenvolvimento econômico. Não há um corpo de conhecimento único sobre o tema e há diversas perspectivas sobre empreendedorismo e suas causas. Ainda assim, há consenso de que o nível de ativida- de empreendedora varia de país para país e, certamente, de cidade para cidade. As explicações são, em geral, de caráter econômico e social, como veremos adiante. Mais importante do que a natureza das explicações, porém, é o fato de que os determinantes do empreendedorismo estão diretamente associados às escolhas de políticas públicas. Ou seja, é possível influenciar a intensidade da atividade empreendedora por meio de escolhas institucionais, eco - nômicas e políticas. (Hoffmann, Larsen & Oxholm, 2006). A pluralidade de explicações é resultado das diferentes conceitualizações sobre o que é empreendedorismo e como medi-lo. Parte das explicações para o nível de empre- endedorismo é de ordem macro, para as quais as causas do empreendedorismo se confundem com os fatores que explicam o crescimento ou desenvolvimento econômico de países ou regiões. Nesta perspectiva, alguns dos temas convencionais da macroeconomia e da economia interna- cional estão diretamente conectados às explicações sobre empreendedorismo. O foco de trabalhos desta ordem são as mudanças em indústrias nacionais, no desempenho das firmas em geral ou nos parâmetros básicos da economia. Fatores institucionais e ambientais têm grande peso em trabalhos que adotam essa perspectiva. Por outro lado, há explicações de ordem micro, cujo foco analítico é o empreendedor individual. Em vez de observar as variações no tamanho das indústrias ou no surgimento de novos negócios, tais trabalhos procuram entender a partir das características de um indivíduo ou de seu en - torno as chances de empreender e/ou de gerir um negócio com sucesso. Nas perspectivas sobre o empreendedor in- dividual, a economia é acompanhada com mais frequência de outras disciplinas acadêmicas, tal como a sociologia e a psicologia. As habilidades do empreendedor e a decisão e a motivação para empreender cumprem um papel central nesse tipo de perspectiva. As explicações intermediárias – que não focam nem na economia em geral, nem no empreendedor individual – por sua vez, tendem a se concentrar na análise de mercados específicos e em sua estrutura. O foco, em geral, são as oportunidades de negócio, as barreiras de entrada e saída e incentivos estruturais em geral. Essa literatura está bas - tante associada ao conhecimento produzido nas escolas de negócio sobre estratégia empresarial. Todas as perspectivas se deparam com um desafio com- plexo: definir empreendedorismo. As alternativas mais co- mumente encontradas na literatura são aquelas que, de um lado, igualam empreendedorismo a auto-emprego e/ ou a pequenos e médios negócios, em contraste a grandes 87